Um Resto de Tudo: Desejo

Há muito tempo que não se escreve nada aqui.

Falta de tempo, mas principalmente por egoísmo. Temos de ser egoístas, por vezes, e reservarmo-nos somente para nós próprios. Foi isso que andei a fazer.

Não tanto quanto queria. Não fui a todos os sítios que quis visitar, não li todos os livros que queria devorar, não falei com as pessoas com quem esperava estar. Não ouvi as músicas que queria cantar de cor, não vi os filmes que gostava de ter descoberto. Não tirei fotografias a pessoas e momentos que gostava de recordar. Não escrevi tanto quanto queria, muito menos o que queria.

O ano está a acabar. Acho que não faz muito sentido traçar planos para um Ano Novo porque todos os dias são novos dias e novas oportunidades de nos superarmos. Mas decidi que vou fazer tudo isto em 2010. E muito mais.

"Tudo se vive imediatamente pela primeira vez sem preparação. Como se um actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que vale a vida se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É o que faz com que a vida pareça sempre um esquisso. Mas nem mesmo «esquisso» é a palavra certa, porque um esquisso é sempre o esboço alguma coisa, a preparação de um quadro, enquanto o esquisso que a nossa vida é, não é esquisso de nada, é um esboço sem quadro."

Milan Kundera, A Insustentável Leveza do Ser (1983)

Entretanto, começo por dar uma oportunidade às músicas de Natal, que me atormentam sempre a partir de Outubro, Novembro. Esta é uma versão cantada pelo David Fonseca, numa ideia muito original e bonita.