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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Raízes

- Ainda não temos um morto - disse ele. - Não se é de parte nenhuma enquanto não se tiver um morto enterrado.

Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez


Filipa Moreno


segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Acordar

Hoje lembrei-me do que um professor de Filosofia do secundário costumava dizer:

O filósofo é como um moscardo que espicaça as consciências adormecidas, dizia Sócrates.

Temos de ser moscardos.

Filipa Moreno

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O romancista é que sabe


Se é verdade o que diz o romancista
O coração tem mais quartos do que uma casa de putas


António Lobo Antunes
Filipa Moreno

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Emotion




Off.
Filipa Moreno

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Le Style de Coco


A girl should be two things: classy and fabulous, Coco Chanel




Filipa Moreno

sábado, 25 de abril de 2009

Love like Tiffany's




“I love you. You belong to me.

No. People don't belong to people.

Of course they do.

Nobody's going to put me in a cage.

I want to love you.

It's the same thing.

No, it's not! Holly!

I'm not Holly. I'm not Lulamae, either. I don't know who i am!

I'm like cat here, a no-name slob.

We belong to nobody, and nobody belongs to us.

We don't even belong to each other.”




in Breakfast at Tiffany's (1961)


Filipa Moreno


domingo, 22 de março de 2009

Eternamente



"E escrevi o teu nome e o teu número de telefone numa página da agenda do mês de Fevereiro. E, ao escrevê-lo, sabia que era uma despedida, como caranguejos na maré vazia. Sem ti, lancei outras raízes, construí pátios e terraços, fontes cujo som deveria apagar todos os silêncios, plantei um pomar com cheiro a damasco, mandei fazer um banco de cal à roda de uma árvore para olhar as estrelas do céu, um caminho no meio do olival por onde o luar pousaria à noite, abóbadas de tijolo imaginadas pelo mais sábio dos arquitectos e até teias de aranha suspensas do tecto, como se vigiassem a passagem do tempo. Nada disso tu viste, nada te contei, nada é teu. Sozinhos, eu e a aranha pendurada na sua teia, contemplámo-nos longamente, como quem se descobre, como quem se recolhe, como quem se esconde. Foi assim que vi desfilar os anos, as paredes escurecendo, um pó de tijolo pousando entre as páginas dos mesmos livros que fui lendo, repetidamente.
Heathcleaff e Catarina Linton destroçados outra vez pela minúcia do tempo.
Como explicar-te que tudo isto se te tornou alheio, como tudo te pareceria agora estranho, como nada do que foi teu vigia o teu hipotético regresso? Ulisses não voltará a Ítaca e Penélope alguma desfará de noite a teia que te teceste.
E arranquei a página da agenda com o teu nome e o teu número de telefone. Veio a seguir Abril e depois o Verão. Vi nascer a flor da tremocilha e as buganvílias adormecidas, vi rebentar o azul dos jacarandás em Junho, vi noites de lua cheia em que todos os animais nocturnos se chamavam rãs, corujas e grilos, e um espesso calor sobre a devassidão da cidade. E já nada disto, juro, era teu.
E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.
Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos, acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.
E a tua voz ouço-a agora, vinda de longe, como o som do mar imaginado dentro de um búzio. Vejo-te através da espuma quebrada na areia das praias, num mar de Setembro, com cheiro a algas e a iodo. E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo poderia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares, Não te Deixarei Morrer David Crockett

Filipa Moreno

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Boca do Inferno



O que ele diz esta semana

Filipa Moreno

sábado, 22 de novembro de 2008

J. F. Kennedy


45º Aniversário do assassinato do ex-presidente dos EUA John F. Kennedy (29.05.1917 - 22.11.1963)

"A man may die, nations may rise and fall, but an idea lives on."

Filipa Moreno

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ponto Final. Interrogação


Um resto de um desejo,
Olha-me nu a partir de ontem.
Deitado na sombra, moribundo,
Não me faz resgatá-lo.
Nem por mim levanto a cabeça,
Dos pés que ela fixa.
Sou o pó assente em tudo,
Do nada feito todos os dias.
Fiz uma história, romanceei os problemas.
Mascarei a verdade para não custar.
Agora, à noite, tudo é visível,
Com esta luz tosca e terrível.
Sou a nuvem que se afasta,
Gira em torno de algo, para logo fugir.
Fui o doce no teu café amargo,
Serei a lua para te deitares, antes de te partir.





Filipa Moreno

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Esta semana



Para ouvir...

"Embora doa" - Klepht


E para ler...

Um Outro Amor, Carlos "Pac" Nobre


"Claro que, se soubesse o que sei hoje e tivesse 20 anos... podia e devia estar em altas. Ou não. A vida é mesmo assim, cheia de paradoxos: só nos emprestam dinheiro quando o temos, só aprendemos uma série de coisas quando já não há hipótese de as praticarmos, e vamos levando da melhor maneira que soubermos. E pronto, assim se confirma que pela boca morre o peixe: acho que estou a ficar velho."



Filipa Moreno


sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Imaginação dos Cinco Sentidos

Um dia...
Um dia acordo bem disposta, com vontade de sair logo. Pego no telemóvel e convido-te para um pequeno-almoço à beira-mar. Entre o nascer-do-sol e o café, converso contigo eternamente, no demorar das horas que se arrastam pelo céu. Primeiro escuro, depois azul-claro e claro que é bonito vê-lo daqui contigo.
Saio sem outro destino que não seja todo o lado e procuro aí a história que todos querem ler. Brinco com as palavras, as que ainda sei manejar, atiro-as para a folha de papel. Se pelo menos ela as gravasse para todo o sempre...
Paro para pensar, sem interromper esse caminho traçado algures anteriormente, por quem?, porquê? Faço das ideias conclusões, uma manta de farrapos tecida ao vento inconstante. Sei, nesse momento, que erro, que acerto, que erro mais do que devo.
"Um dia volto a falar-lhe. Um dia faço com que volte a falar comigo", penso. Mas prossigo, silenciosamente, no que me torna numa verdade e certeza, uma igualdade ao que sou.
Nesse dia, ao voltar para ti, vejo que tens as mãos calejadas e endurecidas, pelo esforço de me amparar, ainda que nunca to tenha pedido.
Um dia conheço-te, verdadeiramente, e fará sentido.
(E como não cabe tudo isto num pacote de açúcar, "Um dia digo que te amo")
Filipa Moreno

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Neruda

"El futuro es espacio,
espacio color de tierra,
color de nube,
color de agua, de aire,
espacio negro para muchos sueños,
espacio blanco para toda la nieve,
para toda la música.
Atrás quedó el amor desesperado
que no tenía sitio para un beso,
hay lugar para todos en el bosque,
en la calle, en la casa,
hay sitio subterráneo y submarino,
qué placer es hallar por fin,
subiendo
un planeta vacío,
grandes estrellas claras como el vodka
tan transparentes y deshabitadas,
(...)
Adelante, salgamos
del río sofocante
en que con otros peces navegamos
desde el alba a la noche migratoria
y ahora en este espacio descubierto
volemos a la pura soledad."
Pablo Neruda
Filipa Moreno

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Quieta como a Casa


"Novembro

Eu viria talvez povoado

hipotéticos fantasmas quem sabe

uma ou outra vingança por consumar

dias em que desocupado

de grandes traições anseios

uma ou outra desgraça

quando te atravessaste

intransponível

nesse caminho que fazia só fazendo

pouco alerta mudo impávido

quando olhava sem bem olhar

via só o que queria

mesmo no que ver me custava acreditar

e foi quando o teu sorriso"



A Casa Quieta, Rodrigo Guedes de Carvalho

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O Amanhã







"Due to lack of interest,


Tomorrow is cancelled,


Let the clocks be reset,


And the pendulums held"




Kaiser Chiefs

sábado, 24 de maio de 2008

Rumo




Sentei-me a pensar.
Não é coisa que faça muitas vezes, mas há dias em que é inevitável.
Pensei, chorei, conclui. Chorei mais um pouco ao aperceber-me de que existem apenas dois rumos que podemos seguir na vida.
Quando somos crianças, vivemos despreocupados com o futuro, sem pressões ou obrigações. Só importam as brincadeiras. Mas nada dura para sempre e logo este breve estado acaba. Daí, partimos para o mundo. Daí, pomo-nos em bicos de pés, espreitando o que fazer amanhã.
Uns arriscam. Outros preferem nem empoleirar-se nessa janela, qual limite de uma sonolência confortável. E assim permanecem nesse estado, medíocres nos projectos, pobres de ambições, conformados com as suas vidas automáticas. Não ousam sequer ver o que há do outro lado; evitam o risco como o mal maior.
Entretanto, há quem escolha percorrer outro caminho. Não é melhor, não é mais fácil; é, na verdade, bem mais amargo. É deixar para trás tudo. É crescer. É viver.
É ficar impressionado com o modo de estar da outra metade, mas ainda assim continuar, sem razão nenhuma aparente e com todas as que se possam apontar. É cair e voltar a levantar.
É difícil, sim. Mas, aqui do fundo da minha pequenez, é ver todo o mundo de uma só vez e sonhar com o melhor.
Porque do outro lado, tudo sabe melhor.
Porque deste lado, há uma criança que vive para sempre, brincando na nossa imaginação.
Filipa Moreno

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Coincidências

De certo já tiveste, em qualquer momento que até passa despercebido, um pensamento recorrente, partilhado por todos – “Olha que coincidência!”. Pois bem, coincidências.
Nesta palavra, relativamente simples, estão encerradas toda uma série de temáticas daquelas bem patifes, que nos põem a matutar sem, porém, chegar a grandes conclusões. Será o Destino a magicar essas situações? É obra de um ser superior? A previsão do professor Bambu estava certa?


O dicionário deixa ao “acaso” o significado desta palavra (“simultaneidade de dois acontecimentos; concordância; acaso”). Mas cá para mim, tudo acontece por uma razão. Tudo, menos uma queda aparatosa que dei em plena rua, andando sozinha, de alguns meses a esta parte (se há vídeos do sucedido, é favor não divulgar). Para isso não deve haver razão, a menos que o meu valente espalho tenha feito a felicidade de alguém naqueles vergonhosos segundos.


Ou talvez seja só de mim… Não nego que sabe bem ficar a rever o momento em que encontro uma pessoa especial; o instante em que ligo o rádio a pensar na música que está precisamente a passar… Sabe bem como uma tarde de Verão, como o cheiro a pipocas, como um golo no final do jogo, como um abraço.


Hoje pus-me a pensar nisto – acaso? Coincidência? O que e certo é que, tantas vezes, deixamos escapar a essência desses casos, atirando um “Que coincidência” ao ar, para logo seguir caminho.


De qualquer maneira, é impossível negar que se fica com um sorriso nos lábios quando uma coincidência feliz nos aparece. Eu fico. E adoro.


Afinal, há ou não coincidências?

Filipa Moreno

sábado, 5 de abril de 2008

História da Tia Miséria

"Tia Miseria lives alone in a village and owns nothing but a tree.
The fruits from this tree are very good and all the children in the village have the habit of climbing the tree and stealing all the fruit. Tia Miseria of course hates this and always tries to scare them away but it's of no use.

One evening someone knocks on her door and asks for a place to spend the night. Despite her poverty, Tia Miseria gives this man her last piece of bread and gives him her only bed and blanket to sleep. To thank her for her kindness grants her one wish, anything she'd like. She immediately takes him outside to her tree and asks that anyone who climbs up may only come down when she says so. The wish is granted. When the children climb the tree and start stealing the fruit she doesn't let them down until they've promised not to steal any more fruits from her.

One evening someone else knocks on the door. It's Death. Tia Miseria doesn't want to die. She bargains all night until Death tells her that no matter what she says or does she cannot avoid the inevitable. Tia Miseria asks for only one last wish: a fruit from her tree. Since she is too old to climb the tree she asks Death to get it for her. And Death gets stuck up on the tree.

Nobody can die and people suffer endlessly. Everyone gets to old. Everyone ask Tia Miseria to release Death and finally says she will only let Death go if Death promises her never to take her.

The promise is kept and that is the reason why Death and Misery (Miseria) still walk together in the world."


(Não da minha autoria)


quinta-feira, 27 de março de 2008

Shhh

Fala-me de maneira a que (te) perceba.

Fala-me ao ouvido, devagar.

Vem sussurrar-me o que sentes, mas não por palavras.

Diz-me o que queres no calor de um abraço.

Não penses demais, não te esforces por tanto. Deixa-te levar pelo impulso do momento.

Ouve o palpitar do coração.

Sê simplesmente feliz, com um sorriso inocente, nu de intenções imensas, vago de certezas.



Porque o mundo é hoje e somente isso.
Filipa Moreno

quarta-feira, 19 de março de 2008

Suposto primeiro Post


Agora reparo, que rudeza a minha. Não apresentei o meu Um Resto de Tudo. Na verdade, nem sei bem o que dizer sobre ele, a não ser que é, realmente, Um Resto de Tudo. Um pouco do que me acontece e um resto do que vejo à minha volta. Um pequeno espaço onde guardar algo merecedor de partilha.


Foi difícil, depois de passar tempos sem fim a querer fazer um blog e de o fazer, deparar-me com simples barreiras como o nome a dar ao mesmo. A minha descrição. O primeiro post. Grandes dificuldades que me levaram a empatar um pouco mais a obra. Mas aqui está ele.


Nasce do nada, com aspirações a abordar tudo. Porque tudo é importante e merece ter um lugarzinho; uma fotografia, uma opinião, uma crítica, umas palavras. Também por isso e, pensando em quem vai dedicar um nico do seu tempo a visitar estes “restos”, agradeço o feedback e, quiçá, alguma sugestão.


Penso que é tudo.

Um Resto de Tudo.

Nascido a 6 de Março de 2008.