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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Separação do Príncipe e da Escrava


não tem de ser triste. às vezes, o tempo parte. nós ficamos.
vemo-lo ao longe, afastar-se devagar, e não tem de ser triste.

hoje, eu caminho na direcção do passado. tu caminhas para
o futuro. a noite. depois desta noite, para mim, será ontem.


depois desta noite, tu estarás em amanhã. sabemos que haverá
muitas noites. haverá dias, meses e anos que atravessaremos.

atravessei muitos anos, direi. atravessarei muitos anos, dirás.
sabemos que o passado e o futuro são caminhos que se cruzam.

não tem de ser triste. talvez eu te encontre num dia em que eras
muito nova, uma criança. talvez eu sorria. talvez tu sorrias.

não tem de ser triste. vamos separar-nos agora. este instante,
agora, será o teu passado. este instante, agora, será o meu futuro.


in A Casa, a Escuridão, José Luís Peixoto
Filipa Moreno

sexta-feira, 7 de março de 2008

Sopro Solto


Sentir.
Abrir os olhos e planar
Nesse tão imenso espaço,
Que é o pensamento,
Que é esse mar.


Silêncio.
Brota do nada,
Nasce do tudo.
Cava a mágoa,
Socalca profundo.


E o tempo.
É tão escasso, fugaz
Dói tanto ver o que faz.
Irrompe, deixando
Um estrago atroz.


Viste passar o tempo,
Sentado à janela da vida.
Encostado à ombreira do aparente.
E dói tanto ser diferente…